sexta-feira, 25 de maio de 2012

Pingo Doce: produtores pagam fatura do 1.º de maio

A denúncia partiu do presidente da Centromarca, que representa mais de 50 empresas e 900 marcas. O Pingo Doce não comenta.

Promoções do Pingo Doce poderão colocar em risco os produtores nacionais, alerta a Centromarca
Promoções do Pingo Doce poderão colocar em risco os produtores nacionais, alerta a Centromarca

O Pingo Doce abordou ao longo das últimas semanas diversos produtores nacionais com o objetivo de aumentar, por exemplo, entre 2 a 3,5% das suas margens de lucro a partir de maio.

A denúncia partiu do presidente da Centromarca - Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, que não tens dúvidas de que se trata de uma consequência das campanhas de megadesconto.
"A campanha [do 1.º de maio] e as campanhas subsequentes já estão a começar a ser pagas", disse à TSF João Paulo Girbal.

Contactado por esta estação de rádio, que avança a notícia esta manhã, o Grupo Jerónimo Martins, proprietário desta cadeia de supermercados, não quis comentar.

Recorde-se que em entrevista à SIC Notícias a 9 de maio, questionado sobre quem pagaria a fatura da campanha do 1.º de maio, o presidente do Grupo Jerónimo Martins, Alexandre Soares dos Santos, afirmou categoricamente: "Não vamos apresentar nenhuma fatura e não entramos em contacto com nenhum fornecedor".

Produtores em risco

Mas o presidente da Centromarca assegura que não é isso que está a acontecer. "Aquilo que está a ser pedido a cada um dos produtores poderá não ser exatamente a mesma coisa. Os temas andam à volta de um aumento de margem pedido pelo distribuidor, que variará entre os 2 e os 3,5% a partir de maio; uma verba em valor absoluto que o produtor teria que entregar ao Pingo Doce; uma renegociação de contratos e verbas para reforço de contratos", explicou João Paulo Girbal.

Para além do Pingo Doce, o presidente da Centromarca, que representa mais de 50 empresas e 900 marcas, admite que faturas semelhantes poderão estar a ser apresentadas aos produtores nacionais por outras cadeias de distribuição alimentar.

"As notícias que eu tenho referem-se mais ao Pingo Doce, mas a partir do momento em que começa a haver outras campanhas, a situação alarga-se. Estão a ser pedidas comparticipações em algo em que a produção não foi vista nem achada", disse.

"A prazo, o que nós vemos é o desaparecimento do emprego, da produção local, aquela que se faz em Portugal, e um eventual aumento das importações nas áreas em que deixamos de ter capacidade produtiva".

Estela Silva/Lusa, Sexta feira, 25 de maio de 2012, expresso.sapo.pt

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